Com objetivo de orientar a comunidade LGBTQ+ sobre o diagnóstico precoce do câncer de próstata e esclarecer dúvidas em relação aos exames, o médico urologista Newton Tafuri, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) em Mato Grosso, ministrou uma palestra sobre o tema na tarde desta terça-feira (24), auditório da Prefeitura de Cuiabá.
A palestra integrou uma agenda sobre políticas públicas para a comunidade LGBTQ+ promovida pelo Conselho Municipal da Juventude de Cuiabá (Conjuve).
Dr. Newton Tafuri falou sobre políticas públicas de combate a doença e lembrou da importância dos exames para a detecção precoce , com o avançar da idade, segundo ele, o grupo de risco está entre homens maiores de 50 anos.
“Nosso objetivo aqui é orientar a comunidade LGBTQ+, que mesmo com a troca de gênero, continuam tendo a próstata, o que requer os mesmos cuidados dos homens. Neste mês de ações do novembro azul, esse público também deve se atentar para as campanhas de prevenção e deve procurar atendimento médico para realizar os exames preventivos”, explicou o doutor Newton Tafuri.
Ainda de acordo com o urologista, é preciso perder o medo e o preconceito em falar sobre o assunto, que infelizmente é considerado tabu para muitos. “Os exames preventivos, principalmente do toque, são fundamentais para identificar a doença de forma precoce. Existe toda uma dificuldade de aproximação em levar as pessoas ao consultório médico ou diversas brincadeiras com relação ao câncer de próstata, principalmente quando se fala do exame de toque retal. Temos que desmistificar isso”, afirmou.
Para Daniella Veyga, primeira mulher trans inscrita na OAB/MT (Ordem dos Advogados do Brasil), palestras como estas são de grande valia para que a comunidade LGBTQ+ conquiste cada vez mais um espaço de respeito dentro da sociedade.
“Debates como estes são de extrema importância para nossa comunidade. Por ser um espaço público, por ser pautado por uma secretaria municipal, demonstra a preocupação do Gestor com toda a população trans, que sempre teve seus direitos furtados dentro da sociedade. Além de ser um privilégio ver doutores renomados discutindo temas de promoção à saúde humanizada das mulheres trans”, observou Daniella.
Militante da comunidade LGBTQ+ e membro da Ong Livremente em Cuiabá, Victor Hugo Oliveira ressaltou a importância da abertura do espaço para uma ampla discussão de temas relevantes sobre saúde, dentre eles o Ambulatório Trans.
“Já existe um trabalho bastante avançado sobre a criação do Ambulatório Trans em andamento no Conselho e que foi idealizado pelo ex-presidente da Ong Livre Mente. São inúmeras as políticas públicas que nossa comunidade necessita e por isso, esperamos uma resposta do Poder Público para que esse sonho se torne realidade”, comentou.
A fonoaudióloga e cantora profissional nas noites cuiabanas, Seven Mônica, frisou a falta de informação da sociedade sobre os temas da comunidade LGBTQ+ e enfatizou a necessidade de assistência médica adequada nas unidades de saúde em Cuiabá.
“É um avanço para a comunidade o debate destes temas, como o câncer de próstata, por exemplo. Outra questão que precisa ser efetivada é a abertura do Ambulatório Trans em Cuiabá. Será uma grande realização que proporcionará dignidade para todas as mulheres trans do Estado. É disso que precisamos, de políticas públicas que respeitem a individualidade e combata o preconceito na sociedade”, concluiu Seven.
Elis Regina Prates, interina da Secretaria da Mulher de Cuiabá, destacou que o evento teve a finalidade promover o respeito a igualdade de direitos da comunidade LGBTQ+.
“Iniciamos a discussão em torno de ações voltadas para o novembro azul e pensamos que o tema abrange também as mulheres trans. Esse público precisa de atenção básica através de políticas públicas que funcionem em todos os setores, em especial na saúde. Foi uma tarde produtiva de bate-papo para ouvir as reais necessidades dessas pessoas que precisam do nosso apoio na defesa de seus direitos na sociedade”, ponderou a gestora.