Perda de testículo por torção preocupa e Dra. Natasha alerta para demora no diagnóstico

Relatos frequentes no Brasil de casos de perda do testículo por isquemia irreversível, em casos de torção testicular, têm preocupado a Associação Brasileira de Cirurgia Pediátrica (CIPE). Em Mato Grosso, a pediatra e patologista clínica Natasha Slhessarenko, do Conselho Federal de Medicina (CFM), explica que a torção é relativamente comum na prática clínica, porém ainda a demora no diagnóstico e na solução do problema podem levar à perda testicular irreversível.

A torção testicular, esclarece a pediatra, descreve uma condição na qual o testículo sofre torção na bolsa escrotal, bloqueando a irrigação de sangue ao testículo. Acontece por um defeito anatômico na fixação dos testículos na bolsa escrotal. É uma emergência médica, porque o testículo pode sofrer isquemia e evoluir para necrose (infarto) e “morte” pela falta de oxigênio que o estrangulamento dos vasos acarretou. Os adolescentes são os mais comumente afetados, mas recém nascidos e crianças também podem ter esta condição.

De acordo com Dra. Natasha Slhessarenko, o sintoma mais comum é uma dor intensa e súbita na virilha, muitas vezes acompanhada de náuseas, vômitos e dor abdominal. Não raro o episódio de dor é durante o sono.

“Infelizmente não é possível prever que o indivíduo possa vir a ter torção testicular.”

Quanto ao diagnóstico, é feito  clinicamente mas pode-se fazer uma ultrassonografia da bolsa escrotal. O tratamento implica cirurgia para distorcer o testículo, posicioná-lo e fixá-lo. A cirurgia deve ser realizada o mais brevemente possível a fim de evitar danos ao testículo, no máximo em 6 horas após o início do quadro de dor. Com diagnóstico precoce e cirurgia, a maioria das pessoas se recupera muito bem e o testículo não é perdido.

“Se a torção for diagnosticada e tratada precocemente, há uma boa chance de se poder salvar o testículo antes que ocorram danos. Se a torção não for diagnosticada e tratada, o testículo pode morrer por falta de oxigenação e deve ser removido. Isso pode afetar mais tarde a fertilidade”, ressalta a pediatra, que integra a equipe da Clínica Vida Diagnóstico e Saúde, em Várzea Grande (MT).

De acordo com a CIPE, não se deve perder tempo aguardando exames complementares que possam atrasar o diagnóstico e o tratamento. O diagnóstico da torção testicular é basicamente clínico, não deve depender de exames. Em caso de dúvida, a exploração cirúrgica é mandatória. Em uma criança saudável, com quadro de dor testicular súbita, cirurgia realizada por profissionais experientes e em tempo hábil, é um procedimento seguro e o único tratamento indicado. Importante que seja feita a fixação dos dois testículos, mesmo o que não torceu, pois pode vir a acontecer em outra ocasião.

Também não é recomendado perder tempo aguardando surgir vagas para transferências entre hospitais, tudo tem que ser feito com rapidez, pois o testículo está sofrendo com a privação de oxigênio.

Outra orientação é que as famílias devem ser orientadas pelos pediatras; e os meninos devem ser educados pela família, pelos pediatras e pela escola, para saber que esta doença existe e que em caso de dor súbita e forte no testículo precisam avisar rápido o que estão sentindo, sem ter vergonha de falar em um problema nos genitais.

“Os pais precisam levar rápido o filho com uma dor súbita e intensa nos testículos para atendimento médico de urgência, sem tentar soluções caseiras ou com analgésicos, o que causa perda de tempo em procurar o médico. O tempo é fundamental para o resultado”, orienta Dra. Natasha Slhessarenko.

“Os médicos, inclusive os que não são especialistas em pediatria, cirurgia pediátrica ou urologia, precisam estar sempre alertas para esta situação e procurar resolvê-la o mais rápido possível, encaminhando a criança com dor súbita no testículo para cirurgia em tempo hábil”, completa a CIPE por meio de nota distribuída aos profissionais da área.