Por Dr. Max Lima
Começamos o mês conhecido como Outubro Rosa, que é um Movimento internacional de conscientização para o controle do câncer de mama.
Mas o que isso tem a ver com o coração? Pois é, o que muita gente não sabe é que o câncer de mama, de pulmão, melanomas, leucemia e linfomas, qualquer tumor pode atingir as estruturas cardíacas.
Quando o câncer é diagnosticado, o comprometimento do coração pode variar de 1 a 20% pelo câncer.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia – SBC, dos 63.566 pacientes com câncer de mama, cerca de 15% dos óbitos ocorreram por causas cardiovasculares oito anos após o tratamento oncológico.
A morte em decorrência do próprio câncer foi responsável por 15,1% dos óbitos analisados. A mortalidade por causas cardiovasculares é maior nas pacientes que recebem o diagnóstico nos estágios mais avançados da doença e naquelas com mais de 75 anos de idade.
Acontece que o tratamento do câncer de mama envolve diversas terapias que podem afetar o coração. As antraciclinas, por exemplo, estão relacionadas ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca, que muitas vezes é irreversível. O maior ensaio clínico brasileiro no cenário de prevenção de cardiotoxicidade por essa droga avaliou 200 pacientes com câncer de mama e observou uma incidência de cardiotoxicidade de 14%.
O trastuzumabe é outro remédio utilizado nas pacientes com câncer de mama. O medicamento, que revolucionou o tratamento em pacientes HER2 positivos, o que corresponde a 20% de todos os casos, também está associado ao desenvolvimento de insuficiência cardíaca, podendo chegar a 27% de incidência.
A radioterapia e a terapia hormonal estão relacionadas ao desenvolvimento de doença arterial coronariana. Em estudo com 2.165 pacientes tratadas com radioterapia, 21,5% desenvolveram doenças cardiovasculares até 7 anos após o início do tratamento.
Portanto o coração tem tudo a ver com o câncer de mama sim.
A única prevenção não só para o câncer, mas também doenças cardiovasculares é a prática de exercícios, de movimentos do corpo no dia a dia, a alimentação e as visitas regulares ao Médico .
Veja aqui algumas dicas:
Mulheres acima de 40 anos devem realizar a mamografia a cada dois anos, principalmente aquelas que já possuem histórico da doença na família.
Evite o consumo excessivo de bebidas alcoólicas visto que em grande quantidade aumenta o risco do câncer de mama, mas também de doenças cardiovasculares.
Coma frutas, cereais, legumes e verduras e feijões em sua alimentação.
Evite o sobrepeso. Mulheres obesas produzem uma quantidade maior de estrogênio, hormônio feminino ligado ao aparecimento de compostos cancerígenos.
Lembre-se dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que as doenças cardiovasculares são responsáveis por 1/3 de todas as mortes de mulheres no mundo, ultrapassando até mesmo o câncer de mama.
Max Lima é médico especialista em cardiologia e terapia intensiva, conselheiro do CFM, ex-presidente da Sociedade Brasileira de Cardiologia de Mato Grosso (SBCMT), médico cardiologista na Clínica Vida Diagnóstico e Saúde, do Heart Team Ecardio Hospital Amecor.