Por Dra. Hilda Menna Barreto
O diagnóstico precoce e preciso do câncer de mama desempenha um papel fundamental para a redução da mortalidade e melhora do prognóstico desta doença.
Fica evidente que ações de prevenção do câncer, em especial promoção da atividade física, podem ser extremamente eficazes para tornar a vida das pessoas mais saudável .A necessidade de adoção de um estilo de vida que compreenda a prática de atividades físicas e alimentação saudável, minimizando riscos não só do câncer de mama, como de muitas outras doenças (prevenção primária).
As estratégias para a detecção precoce do câncer de mama são o diagnóstico precoce (abordagem de pessoas com sinais e/ou sintomas iniciais da doença) e o rastreamento (aplicação de teste ou exame numa população sem sinais e sintomas sugestivos de câncer de mama, com o objetivo de identificar alterações sugestivas de câncer e encaminhar as mulheres com resultados anormais para investigação diagnóstica).
No Brasil, o rastreamento mamográfico é oportunístico e recomendado pela SBM/CBR/ Febrasgo anual a partir dos 40 até 75 anos. Essa estratégia é a que tem maior impacto na mortalidade, menor custo (levando em conta os anos de vida salvos com qualidade) e maior efeito adverso (biópsias).
Mulheres com mutação dos genes BRCA1 ou BRCA2, ou com parentes de 1° grau com carcinoma mamário ou com mutação genética comprovada, devem realizar o rastreamento anual com mamografia a partir dos 30 ou 35 anos de idade.
O impacto do rastreamento mamográfico na redução da mortalidade por câncer de mama pode chegar a 25-30%. A alta mortalidade associada ao câncer de mama se deve, na maioria dos casos, à sua detecção tardia.
Com esses objetivos têm sido desenvolvidos nas últimas décadas métodos cada vez mais sensíveis de imagens das mamas, destacando-se a mamografia que tornou-se a técnica mais disseminada para rastreamento e detecção de lesões não palpáveis.
Este método utiliza equipamentos que emitem feixes de raios-X para a obtenção das imagens, baseado nas diferenças de densidades entre os diversos tecidos que compõem as mamas (tecido gorduroso, tecido glandular e tecido fibroso ou de sustentação).
Entretanto, o principal fator limitante, que reduz a sensibilidade deste método é a alta densidade mamária, uma vez que as áreas mais confluentes de densidade fibro-glandular podem obscurecer eventuais lesões isodensas em relação ao parênquima glandular no exame mamográfico.
A implementação da mamografia digital (DR), com análise das imagens em estações de trabalho com monitores de alta resolução permite uma série de processamentos das imagens, tais como ampliação(zoom e lupa digital) e inversão do contraste(imagens negativas), levando a significativo aumento na resolução de contraste, sobretudo nas áreas de parênquima denso, com consequente aumento da acurácia diagnóstica, especialmente em mulheres com mamas densas . Além disso, a alta sensibilidade dos modernos detectores digitais permite realizar os exames com doses significativamente menores de radiação que os antigos mamógrafos não digitais.
Na mamografia digital, as mamas são posicionadas entre duas placas metálicas, sobre um detector que adquire as imagens de forma eletrônica. Em seguida as informações são enviadas para um computador que processa as imagens em segundos, permitindo assim que o profissional que realiza o exame avalia em tempo real se o posicionamento foi adequado, prosseguindo o exame com agilidade e segurança.
Para permitir maior diferenciação(contraste) entre os tecidos, há necessidade de compressão das mamas, mas no exame digital essa compressão também é minimizada.
A ultrassonografia mamária e a ressonância magnética das mamas devem ser consideradas como adjuntas à mamografia na investigação de lesões palpáveis, para melhor diferenciação entre lesões benignas e malignas, para controle e seguimento de lesões e muitas vezes também para rastreamento em mulheres com mamas densas ou com risco aumentado para CA de mama.