Por Dr. Flávio Fortunato
Diferente do que popularmente conhecemos, a Bexiga baixa não é a mesma coisa que a Incontinência Urinária. São doenças diferentes que possuem, em grande parte, os mesmos fatores de riscos, e, portanto, muitas vezes elas estão associadas.
A bexiga baixa é uma condição que surge pelo enfraquecimento ou pela perda de elasticidade dos músculos e ligamentos do assoalho pélvico, que dão sustentação a bexiga, não conseguindo mantê-la exatamente em seu lugar, e, por isso, ela ‘desce’ da sua posição normal, podendo ser tocada facilmente através da vagina.
Também chamada de cistocele, prolapso da bexiga ou bexiga caída, é mais frequente nas mulheres com mais de 40 anos de idade, que já tenham engravidado. A mulher pode apresentar somente a bexiga caída, mas também pode acontecer a queda do útero ou do intestino ao mesmo tempo.
Os principais sintomas de bexiga baixa são caroço na vagina, que pode ser vista à olho nu ou sentida com os dedos durante o toque vaginal; sensação de peso na bexiga; sensação de bola na vagina; dor ou desconforto na região pélvica; fraqueza ou flacidez dos músculos e ligamentos do períneo; dificuldade na passagem da urina, durante os primeiros segundos de micção; urgência e aumento da frequência urinária; sensação de que a bexiga está cheia mesmo após ter urinado; dor ou irritação na vagina durante o contato sexual; ressecamento vaginal.
O diagnóstico da bexiga baixa é feito pelo ginecologista através da avaliação do sintomas, histórico de saúde e do exame pélvico, sendo possível visualizar a bexiga e o grau da queda, classificando-a de acordo com o estádio do Prolapso: de 1 (leve) a 4 (avançado). Além disso, o médico pode solicitar exames, como ultrassom transvaginal, ressonância magnética para complementar o diagnóstico.
Possíveis causas
Alguns fatores podem contribuir para o desenvolvimento da bexiga baixa, como: idade, sendo mais comum após os 50 anos, histórico familiar de cistocele, parto vaginal; múltiplas gestações; obesidade ou sobrepeso; prisão de ventre crônica; esforço excessivo para evacuar; menopausa; tosse crônica; cirurgia para retirada do útero; síndrome de Marfan; Síndrome de Ehlers-Danlos.
Tratamento
O tratamento da bexiga baixa deve ser orientado pelo ginecologista e varia de acordo com o estadiamento da cistocele. Deve ser sempre associado às mudanças no estilo de vida, como: perda de peso, deixar de fumar e combater a prisão de ventre.
Os principais tratamentos para bexiga baixa são: exercícios de Treinamento Muscular do Assoalho Pélvico, orientados por um fisioterapeuta especializado; inserção do Pessário Vaginal, dispositivo de silicone que fornece suporte para a bexiga; e alguns remédios à base de estrogênio os quais podem ser indicados pelo ginecologista durante a menopausa para ajudar a controlar os sintomas da cistocele.
Cirurgia
A cirurgia para bexiga baixa pode ser indicada pelo ginecologista para os casos mais graves e/ou sintomáticos de cistocele, e consiste em reforçar as estruturas da região pélvica para restaurar a posição correta da bexiga, útero e de todas as estruturas que estejam ‘caídas’.
A via cirúrgica mais utilizada é a vaginal, sem cortes e incisões na pele ou parte externa do corpo, sendo toda correção realizada através do canal vaginal. O médico pode colocar uma ‘rede’ para servir de apoio para os órgãos pélvicos, o que é bastante eficaz.
É importante consultar o ginecologista sempre que surgem sintomas da bexiga baixa, para que seja feito o diagnóstico correto e iniciado o tratamento mais adequado, a fim de que ela resgate sua qualidade de vida.
Dr. Flávio Fortunato é ginecologista e obstetra, especialista em uroginecologia, e integra as equipes da clínicas Vida Diagnóstico e Saúde