A colonoscopia é o padrão ouro para o diagnóstico do câncer de cólon e reto de acordo com o gastroenterologista e endoscopista Roberto Barreto, vice-presidente da Sociedade Brasileira de Endoscopia em Mato Grosso (Sobed/MT).
Barreto destaca que essa forma de tumor tem atingido cada vez pessoas mais jovens e os dados do Instituto Nacional do Câncer (Inca) apontam que esse ano, no Brasil, vão ser registrados mais de 34 mil novos casos.
“As sociedades de endoscopia, de proctologia, de câncer, de uma maneira geral, recomendam que a primeira colonoscopia seja feita a partir dos 50 anos, no Brasil e em grande parte do mundo. Nos Estados Unidos os critérios mudaram, lá é a partir dos 45 anos. Foi observado um crescimento da população a partir de 40 anos com câncer de intestino. Esses critérios também podem mudar no Brasil”, comenta o médico.
De acordo com Roberto Barreto, surpreende o caso e a morte do ator Chadwick Boseman, de Pantera Negra, que no final do último mês de agosto faleceu aos 43. O ator foi diagnosticado com câncer de cólon aos 38 anos de idade.
Este é um câncer silencioso e pode durar décadas no paciente sem qualquer sinal. Quando for descoberto, ele pode estar muito avançado. É importante estar sempre em acompanhamento médico, observar o corpo, manter uma vida saudável e não ter preconceitos com a realização do exame que realizam o diagnóstico.
“O preconceito, felizmente, está diminuindo muito. Os aparelhos para a realização da colonoscopia são muito flexíveis. Na sala, onde realizamos o exame, além do endoscopista, vai ter a presença do anestesista. O exame não gera desconforto. Algumas vezes tem algum desconforto após a realização da colonoscopia, mas é mínimo. São realizadas medicações no pós-exame, é tudo relativamente tranquilo e seguro”, diz o especialista.
Roberto Barreto ressalta que o objetivo é prevenir o problema de saúde e os protocolos foram criados para surpreender o câncer em estágio inicial e melhorar o prognóstico do paciente.
Sintomas e qualidade de vida
Conforme explica o endoscopista, o aumento no número de casos do câncer de intestino e reto, sem dúvidas, foi ocasionado pela mudança no estilo de vida da população. A obesidade, o sedentarismo, uma alimentação pobre em fibras e rica em gordura, além da predisposição genética, são os grandes fatores para o desenvolvimento da doença.
“Não podemos escolher nossa genética, mas podemos fazer atividades físicas, manter um bom peso, manter uma boa alimentação, rica em fibras, verduras, legumes e frutas, que também são importantes para a prevenção do câncer de estômago”,
Barreto também alerta para o consumo excessivo do álcool, que está ligado ao câncer de boca, laringe, esôfago, entre outro. Cigarro também é um fator de risco e pode causar outros problemas de saúde, como o câncer de pulmão.
Por ser uma doença silenciosa, é importante ficar atento aos pequenos detalhes do corpo para buscar ajuda. Um dos exemplos é o padrão do intestino. Se o individuo apresenta uma mudança, como ter o intestino solto e de repente fica preso, ou ao contrário, e isso persistir por semanas ou meses, é o momento de buscar um médico.
É importante observar as próprias fezes, olhar e perceber. Ao fazer isso, pode ser notado algo significativo.
“A medicina é feita de sinais e sintomas. Sangramento é algo que preocupa sempre. Uma coisa que a gente pergunta é se o sangue é vermelho vivo, bem clarinho, quando é muito clarinho geralmente é da região do orifício anal, é de uma fissura, hemorroida, se o paciente não tem nenhuma queixa, é muito jovem, a gente prefere esperar e se for necessário faz o exame mais na frente. Se é de faixa etária de risco, você precisa pecar pelo excesso e fazer os exames”, destaca.
Barreto diz que os médicos devem estar sempre atentos, apesar de ter protocolos, a medicina não é exata e os profissionais trabalham com estatísticas, mas eles podem encontrar pacientes que estão fora dessa estatística e dos protocolos.
É importante que o paciente tire duvidas com os médicos e tome todos os cuidados necessários.