Leite materno ajuda a proteger os bebês contra o novo coronavírus

Mulheres que estão amamentando seus pequenos durante este período de pandemia receberam uma ótima notícia na última semana, quando foi liberada a vacinação de lactantes em Mato Grosso. Mais do que um cuidado com as mães, a vacinação deste grupo representa também uma proteção para os recém-nascidos, já que diversas pesquisas científicas constataram que o leite materno transmite os anticorpos contra a covid-19 da mãe para o filho.

Estudos recentes realizados por pesquisadores da Faculdade de Medicina do ABC (FMABC), em São Paulo, revelam que o leite materno pode conter anticorpos potentes contra o coronavírus, além de não representar um risco de transmissão da covid-19. A pesquisa avaliou a presença de anticorpos no leite materno das mulheres que tiveram a doença durante a gestação ou no momento do parto.

Outra pesquisa realizada pela Universidade de São Paulo, com 20 mulheres em fase de amamentação entre janeiro e fevereiro deste ano, mostra as lactantes que tomaram as duas doses da vacina Coronavac podem passar anticorpos para os filhos até 4 meses depois de tomar a vacina. Pesquisadores do Massachusetts General Hospital (MGH) e de Harvard também constataram resultados semelhantes com as vacinas da Moderna e da Pfizer, em um estudo que contou com a participação de 131 mulheres.

A reportagem do Estadão Mato Grosso conversou com a pediatra e patologista clínica Natasha Slhessarenko para entender como funciona esse mecanismo de proteção. Ela explica que o leite materno, além de conter todos os nutrientes que o bebê precisa para o seu desenvolvimento saudável, também trazem a memória de imunidade das mães e repassa para as crianças.

“Todas as doenças ou vacinas que as mães tiveram ou tomaram geram anticorpos, que são transmitidos no leite materno para os bebês. Então, já se sabe que a mãe que teve a doença passa anticorpos de covid-19 para aquela criança. Igualmente a mãe que tomou a vacina, também passa”, disse.

Para a mamãe de primeira viagem Ana Flávia Brito, saber que está transmitindo anticorpos para seu filho Natan, de apenas 4 meses de idade, é um alivio. Ela vê esses anticorpos como uma ‘vacina natural’ que seu bebê está tomando.

“Como não tem vacina para criança, vejo que isso será fundamental para o fortalecimento dele ao longo da vida. Como já tomei as duas doses da vacina, por ser da área da saúde, também vejo isso como uma proteção. Os anticorpos que o meu corpo pode fornecer para o meu príncipe podem funcionar como uma vacina para ele”, diz a enfermeira.

O Ministério da Saúde aponta que, em todos os contextos socioeconômicos, o aleitamento materno melhora as chances de sobrevivência da criança. Destaca ainda que não existem evidências científicas da transmissão do vírus por meio da amamentação. Ou seja, não há qualquer motivo para evitar amamentar.

CUIDADOS – Apesar de não haver risco de contágio através do leite materno, as mamães com sintomas ou com diagnóstico confirmado de covid-19 devem tomar alguns cuidados para garantir a segurança do bebê. No caso das parturientes, a amamentação deve acontecer depois de a mãe passar pelos cuidados de higiene (banho no leito), troca de máscara, touca, camisola e lençóis.

Já no caso das puérperas com suspeita ou diagnóstico de covid-19, sugere-se respeitar a distância de dois metros entre o leito da mãe e o berço do recém-nascido, além de usar máscara e reforçar o cuidado com higienização durante os contatos com o bebê.

 

Fonte: Estadão Mato Grosso