Daniel Pires Vaz
Você já deve ter ouvido falar de ‘inchaço’ na próstata ou aumento da próstata, mas sabe quais as repercussões clínicas e indicações de tratamento?
Primeiramente, para entender sobre o assunto, é necessário algumas informações básicas sobre a próstata.
A próstata é uma glândula exclusiva dos pacientes do sexo masculino, que se localiza na pequena pelve, entre a bexiga e a uretra. Sua parede de trás faz íntimo contato com a porção do reto mais próxima do canal anal, sendo então facilmente percebida durante o exame de toque retal.
Conforme há o desenvolvimento masculino, a glândula recebe estímulos do hormônio masculino testosterona, que promove o aumento da reprodução celular, chamado HIPERPLASIA. Note que é um aumento celular estimulado por hormônios, de forma organizada, ou seja, BENIGNA. Esse aumento do número de células predominantemente na região central da próstata não gera sintomas durante a adolescência ou fase de adulto jovem.
A questão é que o homem, diferente da mulher que atinge a menopausa, não deixa de produzir o hormônio masculino durante seu envelhecimento. Desta forma, a próstata recebe de forma contínua estímulos para o desenvolvimento de mais células, e portanto, maior aumento volumétrico.
Por volta da 4° década de vida os pacientes portadores dessa HIPERPLASIA BENIGNA DA PRÓSTATA podem apresentar alguns sintomas relacionados ao hábito de urinar.
Devido ao aumento do volume da glândula, há compressão da uretra em sua porção prostática, gerando sintomas como jato urinário fraco, sensação de esvaziamento incompleto da bexiga, além de necessidade de fazer força para urinar, e nos casos mais graves, interrupção intermitente do jato urinário. Em alguns casos, pode ainda gerar alguns sintomas relacionados ao armazenamento da urina, gerando aumento da frequência urinária, necessidade de acordar a noite para urinar mais frequentemente, urgência miccional e outros.
Caso o paciente não procure ajuda de um especialista, o aumento da resistência uretral gera uma necessidade de adaptação da bexiga para a micção adequada, gerando um estímulo à hipertrofia da musculatura vesical. Dessa forma, há uma mudança da arquitetura da bexiga, predominando o espessamento de sua parede e trabeculações. Em situações mais avançadas, há uma perda da força de contração da bexiga, chamada hipoatividade detrusora, que culmina por fim na necessidade de uso de sondas e catéteres para um adequado esvaziamento da bexiga.Além disso, o esvaziamento inadequado da bexiga pode gerar refluxo da urina para os rins através dos ureteres, gerando aumento da pressão intra renal e aos poucos minando a função deste órgão vital, podendo culminar na temida insuficiência renal e necessidade de diálise.
Algumas outras doenças podem simular os sintomas e achados da hiperplasia da próstata. Infecções prostáticas como as prostatites, infecções urinárias, cálculos de bexiga, estenoses na uretra, distúrbios funcionais da bexiga e o próprio câncer de próstata devem ser excluídos durante a investigação com exames.
Dessa forma, para prevenir a história natural da doença e evitar sua progressão, é necessário procurar o profissional da urologia. De forma precoce podemos identificar fatores de risco para o desenvolvimento da patologia, e prevenir suas complicações mais temidas.
Hoje em dia o arsenal terapêutico é amplo, podendo ser feito desde um simples acompanhamento anual, tratamento com medicações via oral, até a realização de técnicas minimamente invasivas para o tratamento cirúrgico. Novamente, para escolher a melhor opção terapêutica, é indicado a avaliação por um urologista de confiança, com competência técnica e munido de tecnologia de ponta.
Caso seja portador da hiperplasia prostática benigna, ou conheça algum paciente que tenha sintomas urinários e não esteja fazendo acompanhamento com o profissional da urologia, alerte-o e agende uma consulta.
Dr. Daniel Pires Vaz é urologista e integra a equipe da Clínica Vida Diagnóstico e Saúde, em Várzea Grande (MT)