Por Dr. Flávio Fortunato
O mês de março também é dedicado à conscientização da endometriose, uma doença caracterizada pela presença de tecido do endométrio fora da cavidade uterina, podendo se alojar tanto na pelve, como em órgãos adjacentes. Apesar de variável, o quadro clínico pode ir de pacientes com leves sintomas até dores intensas, diárias, incapacitantes, dor na relação sexual e infertilidade.
Por se tratar de uma doença crônica e dolorosa, é inegável o comprometimento da qualidade de vida das mulheres acometidas. A dor pélvica crônica está associada a redução na produtividade no trabalho, restrição de mobilidade, disfunções sexuais, alterações emocionais e do sono.
A depressão é uma característica que sempre deve ser levada em conta, já que os níveis são maiores em pacientes com endometriose profunda e em pessoas que apresentam algum tipo de doença. Portanto, deve-se pensar em intervenções com estratégias que auxiliem na luta contra depressão e estresse dessas pacientes.
Estudos mostram ainda que cerca de 30% das mulheres com dor crônica evitam ter relações sexuais. O afastamento sexual ocasiona a redução da libido, autoestima, e gera grande sentimento de culpa, podendo afetar a dinâmica familiar.
Relacionando aos impactos no trabalho, conviver com dores severas implica em licenças médicas e atestados frequentes, ou até, simplesmente, na incapacidade de executar o trabalho de forma adequada. Além disso, tanto a dor, como a irregularidade menstrual pode gerar diversas experiências constrangedoras para a mulher.
O diagnóstico da endometriose é clínico pela análise dos sinais e sintomas da paciente. Também é baseado nos exames de ultrassonografia ou ressonância magnética da pelve, ou através de cirurgia com visualização direta da lesão. Entretanto, nem sempre isso será possível, principalmente nos estágios iniciais da doença. Como o tamanho da lesão pode não corresponder a intensidade dos sintomas, muitas dessas pacientes serão “subtratadas” e a doença pode evoluir, trazendo como consequência a piora progressiva na qualidade de vida.
A OMS define qualidade de vida como a percepção que o indivíduo tem em sua própria condição de vida, considerando seus objetivos, expectativas e preocupações. Daí, vem a importância da classe médica em se preocupar na investigação e diagnóstico da endometriose. Para as pacientes, buscar seguimento ginecológico de rotina, expor seus sintomas e seguir um estilo de vida saudável, irá trazer benefícios do diagnóstico precoce e redução de sofrimento desnecessário pelas consequências da doença.
A campanha do Março Amarelo é feliz em propagar informações de qualidade, difundir o conhecimento da patologia e garantir o direito que a paciente tem em buscar o melhor tratamento.
Dr. Flávio Fortunato é ginecologista e obstetra, especialista em uroginecologia na Clínica Vida Diagnóstico e Saúde