Crises de dor, principalmente nos ossos e nas articulações, podendo afetar qualquer parte do corpo, são os sintomas mais frequentes da doença falciforme. Quem dá detalhes sobre a enfermidade neste Dia Mundial de Conscientização sobre a Doença Falciforme (19.06), é a hematologista Paloma Borges, da Clínica Vida Diagnóstico e Saúde e Oncolog.
“As crises de dor têm duração variável e podem ocorrer várias vezes ao ano, com mais frequência em climas frios, casos de infecções, período pré-menstrual, problemas emocionais, gravidez ou desidratação”, pontua a especialista, observando que a doença falciforme altera os glóbulos vermelhos do sangue, fazendo com que as membranas dessas células tomem forma de foice e se rompam com maior facilidade.
A doença, que é hereditária, se apresenta de formas diferentes em cada paciente. Alguns têm sintomas mais leves do que outros, mas eles geralmente surgem na segunda metade do primeiro ano de vida da criança.
“Essa condição é mais comum em indivíduos da raça negra. No Brasil, representam cerca de 8% dos negros, mas devido à intensa miscigenação historicamente ocorrida no país, pode ser observada também em pessoas de raça branca ou parda”, explica a hematologista.
Além das crises de dores, entre os sintomas está a síndrome mão-pé. Ao afetar as crianças, a falcização ocorre nos pequenos vasos sanguíneos das mãos e dos pés, provocando inchaço, dor e vermelhidão no local.
“Pacientes com doença falciforme têm maior propensão a infecções e, principalmente, as crianças podem desenvolver com mais facilidade pneumonia e meningite. Por isso elas devem receber vacinas especiais para prevenir estas complicações. Ao primeiro sinal de febre deve procurar o pronto atendimento mais próximo onde é feito o acompanhamento da doença. Isto certamente fará com que a infecção seja controlada com mais facilidade”, alerta a especialista.
Dra. Paloma Borges também chama a atenção para casos de úlcera, que são feridas que surgem com mais frequência próximo aos tornozelos, a partir da adolescência. Essas lesões podem demorar muito para cicatrizar completamente. A médica orienta uso de sapatos que cubram todo o corpo do pé para prevenir úlceras.
Entre os sintomas a médica também cita o sequestro do sangue no baço, o órgão que filtra o sangue. “Em crianças com anemia falciforme, o baço pode aumentar rapidamente por sequestrar todo o sangue e isso pode levar rapidamente a morte por redução do fluxo sanguíneo aos outros órgãos, como o cérebro e o coração. É uma complicação da doença que envolve risco de vida e exige tratamento emergencial”.
Diagnóstico e Tratamento
A partir dos sintomas e do histórico familiar, o médico irá detectar a anemia falciforme a partir do exame de eletroforese de hemoglobina, ou seja, uma amostra de sangue.
“O teste do pezinho, realizado gratuitamente antes do bebê receber alta da maternidade, proporciona a detecção precoce de hemoglobinopatias, como a anemia falciforme”, destaca a Dra. Paloma Borges.
A partir do diagnóstico, o paciente passa a ter acompanhamento médico adequado, em um programa de atenção integral, pelo resto da vida. É uma rotina acompanhada por médicos, enfermeiras, assistentes sociais, nutricionistas, psicólogos, dentistas, entre outros.
“Os pacientes devem ser acompanhados por toda a vida por uma equipe com vários profissionais treinados no tratamento da anemia falciforme para orientar a família e o doente a identificar rapidamente os sinais de gravidade da doença, a tratar adequadamente as crises e a praticar medidas para sua prevenção”, finaliza a médica.