Dra. Natasha alerta sobre sintomas da varíola dos macacos e importância da prevenção

Com o avanço do número de casos suspeitos da varíola dos macacos em Mato Grosso, a patologista Natasha Slhessarenko faz um alerta sobre os principais sintomas e a importância da prevenção para conter o avanço da doença no país. O vírus Monkeypox foi reconhecido como uma doença de Emergência de Saúde Pública Internacional pela Organização Mundial da Saúde (OMS) no dia 23 de julho de 2022.

Dra. Natasha explica que as principais manifestações clínicas são febre, mal estar, dor no corpo, ínguas e lesões vesiculares (pequenas bolhas e pústulas) na região genital, mas que podem estar em qualquer outro lugar. São bolhinhas que depois viram uma pústula (bolhas com pus). “Enquanto tiver lesões na pele essa pessoa estará transmitindo a doença, mesmo quando as lesões estiverem na forma de crosta (ferida com casca) e ela deve ficar isolada até  desaparecerem completamente”, observa Natasha Slhessarenko.

Por meio de nota técnica, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) e a Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI) esclarecem que a transmissão entre humanos pode resultar de contato próximo pela via respiratória, lesões na pele de uma pessoa infectada ou objetos recentemente contaminados.

A transmissão respiratória por gotículas coloca em maior risco os profissionais de saúde, membros da família e outros contatos próximos. A transmissão também pode ocorrer através da placenta, o que pode levar à varíola congênita ou pelo contato direto, caso a mãe tenha lesões , a contaminação pode acontecer durante e após o parto.

Ainda segundo a SBU e SBI, embora a OMS relate que a doença tem sido muito mais frequentemente observada em homens que praticam sexo com homens (HSH), não está claro até este momento se pode ser transmitida especificamente através da via sexual, portanto, ainda não é classificada como uma IST (infecção sexualmente transmissível).

Como é uma doença que ainda necessita de estudos para que os riscos sejam melhor entendidos, é importante que toda a população se atente às formas de prevenção”, alerta a médica.

Prevenção

Entre as medidas preventivas indicadas estão a higiene frequente das mãos com álcool 70% ou com água e sabão, evitar contato próximo com pessoas que possam apresentar quadro clínico compatível, evitar compartilhamento de objetos, incluindo roupas de cama e toalhas e reduzir o número de parceiros sexuais nesse momento.

“Toda pessoa que apresente quadro clínico suspeito deve manter isolamento e evitar compartilhamento de objetos de uso pessoal até exclusão do diagnóstico ou completo desaparecimento das lesões, em torno de 4 semanas. Indivíduos que tiveram contato com pessoas infectadas devem permanecer em alerta e vigilância próxima, tanto para que tenham assistência, em caso de doença, quanto para evitar a onda de transmissão”, pontua Dra. Natasha.

A patologista esclarece que a epidemia atual não se correlaciona com a transmissão de animais para humanos. Assim sendo, não se justifica nenhum tipo de atitude e, muito menos, crueldade em relação aos animais, incluindo os macacos.

Vacina

Existem duas vacinas desenvolvidas para combater a varíola humana, doença considerada erradicada pela OMS em 1980. Ambas se mostraram capazes de induzir a produção de anticorpos protetores contra a MPX e já estão sendo usadas em alguns países. Entretanto, estas vacinas ainda não estão disponíveis no Brasil.

“O Brasil já encomendou vacinas para a varíola dos macacos que devem chegar nas próximas semanas, porém inicialmente não deve haver quantidade suficiente para toda a população e públicos serão priorizados.

O que é a Monkeypox

A varíola dos macacos foi identificada inicialmente em primatas não humanos, é ocasionada pelo vírus monkeypox da família Orthopoxvirus, mesma família da Varíola que teve seu último caso registrado no mundo em 1977.

A varíola, muito mais transmissível e grave que a Monkeypox, levou à morte pelo menos 30% das pessoas acometidas ao longo dos anos. Após vitoriosa e exemplar campanha mundial com educação e vacinação em massa da população, em 1980 foi considerada erradicada do planeta, sendo sua vacinação interrompida.

No início de maio de 2022, um surto de Monkeypox foi identificado, com acometimento em indivíduos de diversos países. Em 21 de maio de 2022, a OMS declarou a existência de um surto global emergente de infecção pelo vírus Monkeypox (MPXV), com transmissão comunitária documentada entre pessoas que tiveram contato com casos sintomáticos, em países não endêmicos e no dia 23 de julho de 2022 a OMS reconheceu a varíola dos macacos como doença de Emergência de Saúde Pública Internacional.

Foto: Priscila Russo

Texto: Sandra Carvalho (65) 99257-3741