Diagnóstico tardio da tuberculose compromete pulmões, alerta pneumologista Clóvis Botelho

Neste dia 24 de março, em que é celebrado o Dia Mundial da Tuberculose, o pneumologista Clóvis Botelho, credenciado ao Mato Grosso Saúde pela Clínica Vida, faz um alerta importante. O especialista relata que a doença tem diagnóstico e cura fáceis, porém o atraso no diagnóstico implica em graves complicações na função pulmonar.

“A questão principal é suspeitar da doença e firmar o diagnóstico para a melhor conduta desses casos. O que não pode é atrasar o diagnóstico, porque isso implica em complicações maiores na função pulmonar, ou seja, você destrói o pulmão”, afirma o médico.

Segundo Clóvis Botelho, a forma de disseminação da tuberculose é por via aérea como as viroses de uma maneira geral. “Uma pessoa doente elimina micro partículas que ficam em aerossóis e, se estamos convivendo com ela e inalarmos essas partículas, podemos ser contaminados”.

A evolução da tuberculose, diferentemente das viroses, é mais lenta. Segundo o especialista, geralmente leva meses e alguns pacientes até anos para desenvolver a doença. “Na primeira fase temos infecção da tuberculose, depois podemos ou não desenvolver doença a depender das condições próprias de defesa a esses micro-organismos”.

O pneumologista observa que os sintomas mais específicos da tuberculose são clássicos. Ele cita a tosse crônica com expectoração amarelada e esverdeada e às vezes com raias de sangue, mas alerta que, naturalmente, o perfil de sinais e sintomas varia de pessoa para pessoa.

“Às vezes tem apenas tosse crônica. Outras vezes tem todos os sintomas de uma doença que está acometendo e agravando mais os seus pulmões, como tosse, catarreira, chiadeira e até falta de ar”, pontua.

Um fato interessante destacado pelo especialista é que a febre dessa doença é geralmente baixa, vespertina ou noturna, acompanhada de muita sudorese e, dois fatores bastante importantes, a falta de apetite e emagrecimento.

“Como é uma doença de evolução arrastada e lenta, nós temos que prestar bastante atenção nestes sintomas para pensar na possibilidade de um diagnóstico de tuberculose”.

O diagnóstico

O pneumologista Clóvis Botelho esclarece que no diagnóstico da tuberculose geralmente se avalia os sinais e sintomas dessas pessoas e uma radiografia de tórax simples também levanta muita suspeita. “Mas, o que confirma mesmo o diagnóstico é o encontro do bacilo de Koch no exame de escarro simples, feito em qualquer lugar do Brasil, e já comprova a presença do bacilo, dando assim o diagnóstico da tuberculose”.

O tratamento da doença, segundo o especialista, também é muito fácil. São medicamentos disponibilizados na saúde pública e que não existem em farmácia da rede privada e que eliminam a doença em 98% das vezes.

Tuberculose e Covid-19

Quanto a uma possível relação da tuberculose com o coronavírus, Clóvis Botelho diz que até hoje não há evidência científica de que o vírus poderia facilitar o desenvolvimento da tuberculose e vice-versa.

“Mas, é uma associação bastante preocupante, porque em tempos de pandemia, as pessoas com sintomas mais leves, uma tossezinha, algum sinal respiratório, não vão procurar recurso médico com medo de se contaminar pelo coronavírus”.

Então, continua o médico, todas as doenças crônicas, como câncer e tuberculose, estão ficando com diagnóstico difícil, porque as pessoas estão com medo de procurar recursos para o seu diagnóstico. “Esta é uma associação verdadeira”.

Dia Mundial

O objetivo deste dia mundial de combate à tuberculose é alertar a população sobre a doença e erradicar completamente a doença. A agenda está relacionada ao dia 24 de março de 1882, quando Robert Koch anunciou a descoberta da causa da tuberculose – o bacilo TB – o que seria o início do diagnóstico e da cura da tuberculose.

Assim, no centenário da data, em 1982, a Organização Mundial de Saúde (OMS) e a União Internacional Contra Tuberculose e Doenças Pulmonares decidiram criar o Dia Mundial da Tuberculose.

Quase duzentos anos depois, a infecção ainda atinge cerca de 10,4 milhões de pessoas por ano (2019) e quase 490 mil têm tuberculose multirresistente aos medicamentos.