Dra. Natasha: ‘Precisamos nos preocupar porque a Covid continua fazendo vítimas’

A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) informou que os casos de novas infecções pela covid-19 dispararam no país. Para se ter ideia da preocupação das autoridades de saúde, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) aprovou na noite de 3ª feira (22.nov.2022) a volta da obrigatoriedade do uso de máscaras dentro de aviões e em aeroportos do Brasil.

Para falar sobre o assunto, o Centro-Oeste Popular conversou com a médica pediatra e patologista Natasha Slhessarenko, que explica o porquê do aumento de casos da doença, a importância da vacinação e do imunizante bivalente, aprovado pela Anvisa na semana passada.

Ela ainda cita a importância do uso de máscaras, que inclusive, pode voltar a ser obrigatória em Mato Grosso.

Centro Oeste Popular – O que a senhora atribui a volta os novos casos da covid-19?

Natasha Slhessarenko – A volta dos novos casos aconteceu exatamente porque tem variantes, a BQ1 e outras variantes, que tem um escape imune e que, portanto, vão infectar mais, tanto as pessoas vacinadas, com esquema completo, como as que tiveram a doença, enfim. Elas vão estar infectando essas pessoas porque tem esse escape imune, mas é importante deixar bem claro que ao infectar, e se a pessoa tem o esquema vacinal completo, certamente não vai evoluir para forma grave, não vai precisar de internar, intubar, e certamente não vai evoluir para o óbito, por causa da vacina. Ela tem o escape imune, mas as vacinas protegem de formas graves, internação e óbito.

CO Popular – É preciso tomar dose de reforço da vacina? Quantas?

Natasha Slhessarenko – Com relação às doses de reforço, até os 40 anos estamos fazendo duas doses e um reforço, a partir dos 40 anos são duas doses e dois reforços, então varia conforme a idade. Já tem Estados como Pernambuco já fazendo a quinta dose, que deve ser feita preferencialmente com a vacina da Pfizer com RNA mensageiro, que tem uma resposta melhor em termos de anticorpos.Precisamos nos preocupar porque a covid continua fazendo vítimas, são cerca de duas a três crianças que morrem diariamente por covid, e são aproximadamente 40 óbitos por dia por Covid, e isso não é pouco, não é uma taxa pequena, mas enfim, precisamos continuar nos cuidando.

CO Popular – A Anvisa liberou as vacinas bivalentes. Qual a vantagem do imunizante?

Natasha Slhessarenko – As vacinas bivalentes atualizadas, da Pfizer, tanto combinada com a BA1 quanto a combinada com a BA4 e BA5, que serão aplicadas em maiores de 12 anos e usando como dose de reforço. Isso é um avanço grande. Essas são vacinas de segunda geração. O reforço dessa vacina bivalente foi associada com aumento de anticorpos em até 13 vezes os níveis de anticorpos comparados com níveis pré-reforços, e isso tem um aumento de geração dos chamados anticorpos neutralizantes contra essas subvariantes. É interessante que ela acaba dando uma proteção maior porque hoje as vacinas que temos no Brasil com as cepas BQ1, XBB e outras, tem escape imune, então a pessoa pega doença, mas não as formas graves.

CO Popular – Quais os principais sintomas da doença nessa nova onda?

Natasha Slhessarenko – Os sintomas são extremamente parecidos com da Covid desde o início, ou seja, tosse, mal estar, dor de cabeça, obstrução nasal, dor de garganta, coriza, com ênfase nesses sintomas respiratórios altos de coriza, dor de garganta, obstrução nasal e também a tosse. Mas dá para dizer que são praticamente os mesmos sintomas, mas com atenção especial para esses sintomas altos. Vale lembrar que estamos tendo a circulação de outros vírus, respiratórios e vírus influenza, que também dão esses mesmos quadros respiratórios, então é sempre importante procurar o médico e fazer o exame para definir qual é o vírus que está acometendo e qualquer que seja ele, é importante que essa pessoa use máscara, que não entre em contato com outras pessoas para evitar a contaminação.

CO Popular – Em sua opinião é preciso voltar a usar máscara?

Natasha Slhessarenko – O uso das máscaras deve ser recomendado, ainda não obrigatório, para indivíduos de maior risco como idosos e imunossuprimidos, quando em ambientes fechados, pouco ventilados e aglomerados. Que fique bem claro, aindanão há a obrigatoriedade, isso é uma recomendação.

CO Popular – As vacinas já aplicadas protegem contra essa nova variante?

Natasha Slhessarenko – Temos aí uma série de novas variantes, sendo que a que está mais em voga é a BQ1. Ela tem um escape vacinal, mas se o indivíduo tomou as doses recomendadas, ou seja, três doses até 40 anos, quatro doses a partir dos 40 anos, ele está protegido de ter a doença grave, de internação e de óbito. Ele não está protegido de ter a infecção. É o mesmo que explicávamos em momentos anteriores. O indivíduo que toma vacina, ele pode pegar a doença, mas se tem o esquema completo, não vai pegar a doença grave, não vai internar e não vai intubar. Essas novas cepas têm como grande característica apresentar o chamado escape imune, e com isso aumenta o risco da infecção, porém, não de sintomas graves, e isso é muito importante que a gente fale.

Essa população se tomou as doses recomendadas vai estar livre de doenças graves, internação e de óbito, e isso é extremamente importante. Que a população procure se vacinar. Essas vacinas disponíveis hoje no Brasil, temos a Coronavac, que é de vírus morto, a AstraZeneca e da Janssen, que é de vetor viral, e a Pfizer que é RNA mensageiro. As vacinas RNA mensageiro e vetor viral têm uma resposta imune melhor, são eficazes, ou seja, produz maior quantidade de anticorpos e esses anticorpos parecemdurar mais. A intercambialidade é uma recomendação. Essa nova vacina, ela protege as formas graves da nova cepa, mas não protege de se infectar. As vacinas de segunda geração, que já tem para BQ1 e outras como BA4, BA5, essas ainda não estão disponíveis no Brasil. Elas estão sob avaliação da Anvisa, mas ainda não estão disponíveis para utilização pela população.

Fonte: Centro Oeste Popular